segunda-feira, 9 de abril de 2012

"Cuerpos de Dolor" - Museu Nacional de Arte Antiga

Hesitei muito em escrever sobre esta exposição. Não sou especialista em arte barroca nem nada que se pareça, e ainda por cima, vi a exposição com o Manuel ao colo e não li quase  nenhuma legenda nem nenhum texto de sala. Mas, como se diz na apresentação deste blogue, “relatos não académicos” não é?
O que me levou à visita foi, em grande parte, a forma como a exposição foi divulgada: gosto muito do título e acho que cola perfeitamente à escultura da época. Claro que sou de história da arte e, apesar de ligar muito mais à arte contemporânea, gosto muito da teatralidade barroca. Por isso fui. Quer dizer, por fomos em família e levámos os meus sogros que não são de Lisboa e que nunca tinham ido a Arte Antiga.
O facto de não se poder tirar fotografias é um dos pontos negativos da exposição que, consequentemente, torna também este relato menos rico. Confesso: a exposição é linda e as peças são de uma enorme qualidade: estão bem iluminadas e contrastam em perfeição com a tonalidade negra da parede. É claro que estas esculturas não foram feitas para serem vistas assim: elas deveriam estar rodeadas de talha dourada em conjuntos onde provavelmente passariam mais despercebidas. Por isso, acho que a montagem da exposição as favorece imenso e eu, pessoalmente, gostei muito, pelo que tenho pena de não poder mostrar o que vi com algumas das fotografias que poderia ter tirado.
Na altura em que fomos estava a decorrer uma visita orientada que verifiquei, com agrado, estar bastante preenchida, mesmo sendo um soalheiro Domingo à tarde.
O Manuel (2 anos) ficou impressionado com o tamanho de algumas esculturas e eu cada vez acredito mais que os pais são os melhores educadores de Museu: reparámos se as esculturas estavam tristes ou alegres (algumas tinham “dói-dói” e estavam, claro, com um ar bastante sofredor), imitámos algumas e ele gostou muito de reparar que os evangelistas tinham todos livros e animais!
Depois, completámos a visita com um lanche no jardim e umas corridas atrás de uns pombos que lá andavam.
Como o bilhete é 5€ para exposição e museu, vale a pena ir com tempo para ver tudo.
Acaba já a 15 de Abril. Mais informações aqui

Marta Guerreiro

1 comentário:

  1. Infelizmente (leia-se "estupidamente") não fui ver.
    Achei o teu post muito interessante em duas vertentes:
    - Os pais podem (e devem) ser os melhores promotores de museus. Na exposição "Os primitivos Portugueses", também no MNAA, desafiei o meu gaiato a procurar todas as pinturas onde aparecesse um personagem com um halo cruciforme (explicando-lhe antecipadamente o que era tal coisa e o que significava). Andou cerca de 45 minutos entretido. Resultado: encontrou uma pintura a mais do que eu...
    2 - A forma como destacas a museografia da exposição é tanto mais pertinente quanto se verifica, nos dias que vão correndo, no domínio da História da Arte (ao qual, como sabes, eu não pertenço), uma tendência a fazer História, não tanto através das obras, tidas isoladamente, mas sim através das exposições como objecto de estudo globalizante.
    Espero que se tenham divertido muito. Os Museus, ao contrário do estereótipo, devem ser, sobretudo, isso mesmo: um local de diversão. É essa a pré-condição para o fluxo da comunicação.
    Beijo grande.

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