sábado, 28 de janeiro de 2012

Barcelona

22.12.2010

Anteontem visitei uma exposição temporária no Arquivo da Coroa de Aragão: Francisco de Bórgia - Vice-Rei da Catalunha. 1539-1543.
Exposição muito bem montada, considerando a relativa exiguidade do espaço. Tirei uma fotos sem flash - assim como quem não quer a coisa.
Personagem muito interessante, que não conhecia, com ramificações a Portugal por via do matrimónio.
Ontem fui directo ao MUHBA - Museu de História de Barcelona.
O núcleo permanente baseia-se na intervenção e musealização do conjunto monumental Plaça del Rei, com particular incidência nos vestígios arqueológicos que datam da Pré-História à Idade-Média.
O museu está presentemente com uma exposição temporária extraordinária: Ja tenim 600! - La represa sense democràcia. Barcelona, 1947-1973.
Trata-se de um exemplo paradigmático de como, a propósito da aquisição de uma peça para o seu acervo - no caso, um automóvel Seat 600 - um museu pode efectuar um magnífico trabalho de investigação.
A exposição debruça-se sobre o movimento operário, o associativismo de bairro e outros modos de luta, visando sacudir a opressão dictatorial de Franco e atingir uma cada vez maior autonomia da Catalunha face ao governo central espanhol. Aborda-se igualmente o modo como algumas intervenções urbanísticas, a construção da fábrica da SEAT (cuja sigla, já agora, significa Sociedad Española de Automóviles de Turismo), e a realização de um Concílio Ecuménico Universal [?] em Barcelona durante o período cronológico em análise, pretenderam minorar a oposição social ao regime.
Uma vez mais: Muito bom!!!
De saída visitei a a exposição virtual montada no pátio do Museu Frederic Marès.

Uma boa solução a seguir quando se tem o edifício em remodelação e, portanto, encerrado ao público.
Após uma pequena pausa enchi-me de coragem e fiz-me ao Museu Picasso. Caminhei cheio de hesitações. Acontece-me quando sei antecipadamente que me dirigo para algo que me vai esmagar.
Eu e o Museu Picasso de Barcelona tinhamos uma relação idêntica à que tenho com os Açores: fica para amanhã!...
Chegando à entrada desvaneceram-se as hesitações. O museu apresentava como exposição temporária Picasso davant Degas. Deus me livre de perder as bailarinas e as prostitutas de Degas.
A exposição não se consegue descrever em poucas linhas, pelo que me vou abster de o fazer. Destaco apenas que, se dúvidas existissem sobre o facto de Picasso ter seguido ostensivamente a obra de Degas como inspiração e modelo para uma grande parte dos seus trabalhos, elas ficam completamente desfeitas pelo tête-à-tête entre obras de arte que esta exposição nos dá a fruir. Aliás, as palavras de Picasso com que os comissários abrem a exposição são claras: Si hay algo que se pueda robar, lo robo!
Pena ser tão teso. O catálogo da exposição, obra em grande formato e com uma impressão de luxo, custava apenas €35. Face à incógnita de não saber quando regressarei a casa, preferi guardar o dinheiro.
A exposição permanente apresenta uma disposição cronológica da obra de Picasso, dando igualmente muita informação biográfica.
Para quem goste deste mestre, este é mesmo um museu a não perder.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

O princípio

"Ten women and eight men, all of whom were acquaintances or friends of at least one of the authors, who were known to visit museums regularly, and who were known to naturally do some level of writing were approached and asked to participate. The approach was quite simple usually an email or telephone call explaining the overall MLC mission and the role of the diary study. (...) Each participant was then asked to write a personal description; to agree to visit five museums in the subsequent four to six months; and to write up a diary account of each visit. Any museum was acceptable and any spacing of the visits was acceptable. (...) Finally, some purposes were what we call ‘challenging’ in the sense that the diarist was pressing herself to be expansive; the diarist seemed to sense that there was more to learn in a general way about her immediate environment." http://www.museumlearning.org/mlc-04.pdf

Imagem: Thomas Struth,“Alte Pinakothek, Self-Portrait. Munich”, 2000