22.12.2010
Anteontem visitei uma exposição temporária no Arquivo da Coroa de Aragão: Francisco de Bórgia - Vice-Rei da Catalunha. 1539-1543.
Exposição muito bem montada, considerando a relativa exiguidade do espaço. Tirei uma fotos sem flash - assim como quem não quer a coisa.
Personagem muito interessante, que não conhecia, com ramificações a Portugal por via do matrimónio.
Ontem fui directo ao MUHBA - Museu de História de Barcelona.
O núcleo permanente baseia-se na intervenção e musealização do conjunto monumental Plaça del Rei, com particular incidência nos vestígios arqueológicos que datam da Pré-História à Idade-Média.
O museu está presentemente com uma exposição temporária extraordinária: Ja tenim 600! - La represa sense democràcia. Barcelona, 1947-1973.
Trata-se de um exemplo paradigmático de como, a propósito da aquisição de uma peça para o seu acervo - no caso, um automóvel Seat 600 - um museu pode efectuar um magnífico trabalho de investigação.
A exposição debruça-se sobre o movimento operário, o associativismo de bairro e outros modos de luta, visando sacudir a opressão dictatorial de Franco e atingir uma cada vez maior autonomia da Catalunha face ao governo central espanhol. Aborda-se igualmente o modo como algumas intervenções urbanísticas, a construção da fábrica da SEAT (cuja sigla, já agora, significa Sociedad Española de Automóviles de Turismo), e a realização de um Concílio Ecuménico Universal [?] em Barcelona durante o período cronológico em análise, pretenderam minorar a oposição social ao regime.
Uma vez mais: Muito bom!!!
De saída visitei a a exposição virtual montada no pátio do Museu Frederic Marès.
Uma boa solução a seguir quando se tem o edifício em remodelação e, portanto, encerrado ao público.
Após uma pequena pausa enchi-me de coragem e fiz-me ao Museu Picasso. Caminhei cheio de hesitações. Acontece-me quando sei antecipadamente que me dirigo para algo que me vai esmagar.
Eu e o Museu Picasso de Barcelona tinhamos uma relação idêntica à que tenho com os Açores: fica para amanhã!...
Chegando à entrada desvaneceram-se as hesitações. O museu apresentava como exposição temporária Picasso davant Degas. Deus me livre de perder as bailarinas e as prostitutas de Degas.
A exposição não se consegue descrever em poucas linhas, pelo que me vou abster de o fazer. Destaco apenas que, se dúvidas existissem sobre o facto de Picasso ter seguido ostensivamente a obra de Degas como inspiração e modelo para uma grande parte dos seus trabalhos, elas ficam completamente desfeitas pelo tête-à-tête entre obras de arte que esta exposição nos dá a fruir. Aliás, as palavras de Picasso com que os comissários abrem a exposição são claras: Si hay algo que se pueda robar, lo robo!
Pena ser tão teso. O catálogo da exposição, obra em grande formato e com uma impressão de luxo, custava apenas €35. Face à incógnita de não saber quando regressarei a casa, preferi guardar o dinheiro.
A exposição permanente apresenta uma disposição cronológica da obra de Picasso, dando igualmente muita informação biográfica.
Para quem goste deste mestre, este é mesmo um museu a não perder.
Interessante, os museus que escolhemos para visitar! Vivi em Barcelona - terra de paixões! - e alguns desses museus nunca os vi. Mas posso dizer que foi aí que a minha veia museológica se revelou. Vi fantantásticas exposições no CCCB (uma dedicada ao trabalho, tema que eu achava impossível de expôr) e na fundação Tapiés. Para além disso, para mim, o Museu Miró, é um dos que mais gosto porque "casa" muito bem a obra com a arquitectura. Saudades...
ResponderEliminarMartinha, não sabia que tinhas vivido lá (algo mais que temos em comum!). Quanto ao texto do "pirolito", também vi a exposição "je tenim el 600!", e confesso que me surpreendeu pela positiva. A simplicidade com que, com base num pequeno carro, se conta a história do século XX espanhol - política, social e de mentalidades - é formidável. No entanto, achei a informação algo dispersa, e mentes menos atentas poderiam ir ver o museu sem passar pela exposição (por exemplo, eu acabei por sair na outra ponta da plaça del Rei e voltei à porta de entrada, no outro edifício, para ver a expo em questão). Gosto disto de trocarmos as nossas info's e impressões por aqui.
ResponderEliminarAbraços